7 de novembro de 2009

Injustiça


Presencio cotidianamente duas formas de se viver.
Não por escolhas, como se fossem dois círculos no chão e as pessoas entrasse em quais quisessem. Não! Sem escolhas.
São duas maneiras de viver, sem poder mudar, sem poder trocar, sem poder sair. Existe querer, mas não pode. Não pode porque não dá.

“Fala que eu tenho que querer, mas como?” – questiona uma menina mãe de 16 anos, que tem uma mãe etilista, sofreu agressões da companheiro, pai de sua filha, viu sua filha ser agredida pelo pai e hoje mostra os braços riscados de faca pela própria mãe, que força a menina mãe à morar com um outro homem da comunidade.

Ela me afirma: “Só Deus Rafael, só Deus...”

O pobre é excluído e marginalizado de uma tal forma pela mídia, que não é visto, não é lembrado, não é pensado. E assim continua cada vez mais pobre mais excluído, mais marginalizado.

O Sistema valoriza o “ter”.

Você tem, você compra, você faz parte, se sente feliz, se sente valorizado pelo sentimento de existência! O comprar te trás felicidade, não é mesmo. Você agrada ou agradece alguém comprando algo pra esse alguém.

Existem pessoas vivendo nas ruas.
Existem pessoas que vivem mensalmente com menos de R$50,00.
O que você fez essa semana com R$50,00???

Não pensamos nessas pessoas, nas suas condições, no seus sentimentos, em como estão seus valores, sua alto estima, seus sonhos, se tiveram a oportunidade de sonhar!

Não tem política pública: educação, saúde, moradia, alimentação, trabalho, transporte, lazer, cultura.... Não tem nada e quando tem é sem qualidade e sem responsabilidade verdadeira com as vidas que estão ali.

Precisamos mudar isso de alguma maneira.

Não consigo viver se não for tentando maneiras.

4 de outubro de 2009

Canção Óbvia - Paulo Freire

Escolhi a sombra desta árvore para
repousar do muito que farei,
enquanto esperarei por ti.
Quem espera na pura espera
vive um tempo de espera vã.
Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos e
conversarei com os homens
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
minhas mãos ficarão calejadas;
meu pés aprenderão o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirão mais,
meus olhos verão o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.
Não te esperarei na pura espera
porque o meu tempo de espera é um
tempo de quefazer.
Desconfiarei daqueles que virão dizer-me,
em voz baixa e precavidos:
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar
É perigoso, esperar, na forma que esperas,
porque esses recusam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque esses, ao anunciar-te ingenuamente,
antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.


Recebi esse poema de uma grande nova e velha amiga, que mora longe e agora mora perto, que era distânte e agora é próxima, e mais importânte: uma pessoa que faz-me sentir importante para os outros e para o mundo!

Esperar.... até quando esperar e não permitir-se outros caminhos?
Acho que o óbvio é esperar e caminhar para ver onde vai dar.

9 de agosto de 2009

Vadiagem...

Hoje, domingo, acordei e desejei Feliz dia dos Pais ao meu Pai, peguei o jornal (Diário de São Paulo, nº41.804 de 09/08/09), antes de ir para a missa, e ao abri-lo, me deparo com uma notícia intitulada : VADIAGEM ZERO, que trata sobre a “medida da Prefeitura de Assis de tirar pessoas sem ocupação das ruas” que “já levou 51 para a cadeia desde junho”.
Já havia escutado sobre essa situação em telejornais e na boca do povo, mas com a correria do dia a dia não havia ainda parado para pensar no assunto. Ao terminar de ler a notícia, veio em minha mente o historiador medieval Jacques Le Goff, que em seu pequeno texto Os Marginalizados no Ocidente Medieval, faz algumas reflexões quanto aos excluídos, marginalizados da nossa sociedade.
Le Goff afirma que ao pensarmos nos marginalizados da nossa sociedade, devemos pensar não só em seus atuais estados (mendigos, vadios, ladrões, traficantes, prostitutas, crianças abandonadas, etc..) e sim, devemos gastar nosso tempo (pequeno tempo) de reflexão em identificar e analisar o processo, que levou esses cidadãos a ocuparem o lugar que ocupam hoje. Além disso, o historiador Frances chama-nos a pensar no processo de marginalização, que pode levar os marginalizados cada vez mais para a margem, ou trazê-los para o centro da sociedade, e questiona-nos: O que é mais importante nessa análise: o processo de marginalização ou a consideração que a sociedade faz desses marginalizados?
Confrontando esses questionamentos com o que acontece em Assis, me pergunto sobre essas 51 prisões que foram realizadas. Quem seriam? Homens ou mulheres? O texto traz mais uma informação imunda: dos 51 presos, 31 são adolescentes! Que foram levados para a Fundação CASA!
O que mudará na vida dessas pessoas? Na cadeia, ou na cadeia para adolescentes (porque a fundação casa não é nada mais do que uma cadeia disfarçada) esses adultos ou adultas e adolescentes, terão condições de quando sair desse período de internação, de mudar suas condições sociais?
Me pergunto, o que estamos construído?
O processo de marginalização que levou essas pessoas a ocuparem o lugar que elas ocupam, está sendo mudado? Estão sendo pensadas políticas públicas para atender as crianças, os/as adolescentes, para que esses tenha uma formação qualificada par ao mundo de trabalho e uma formação para exercer com conhecimento sua cidadania?
Entrei no site da Câmara Municipal de Assis, e detectei que dos 10 vereadores do município, 5 são do DEM, 2 do PTB, 2 do PSDB e 1 do PT, e o cargo de prefeito é de Ézio Spera também do DEM. Assim, sabemos que ideologia os ‘’’’Democratas’’’’ acreditam.
Podemos pensar que isso não tem a ver conosco, pois não é em São Paulo, é em Assis. Porém afirmo a importância de olharmos com um olhar crítico essa situação, pois apesar de ser em Assis, a notícia está tendo uma grande repercussão na nossa cidade, e em todo o estado paulista, e temos em nossa prefeitura um governo ‘’’’Democrata’’’’, que apresenta em sua gestão atitudes similar em termo de falta de compreensão do processo de exclusão e inclusão social, como a “retirada” de dependentes químicos (de crack) da região da Cracolândia, e colocados em albergues, com o único objetivo de espalhá-los, por um pequeno tempo pela cidade.
Pensem na população em situação de rua. Seriam todos presos? E nas crianças e adolescentes que vivem abandonados nas ruas da cidade? Que muitas vezes já nasceram nas ruas e nunca (nunca!) tiveram a opção de poder conhecer valores como o carinho, amor, afeto e respeito e que sabendo o que é desigualdade, não tem perspectiva de vida o suficiente para sonhar?
O jornal traz a informação de que a sociedade aprova a ação, pois segundo a polícia “o número de roubos caiu de 33 para 17...”

21 de julho de 2009

1 ano...

Pessoal!
Primeirament eme desculpo com todos, pela falta de respeito (causada pela minha falta de tempo) de estar a mais de uma no sem postar nada!!!

Mas preciso retomar!

Vou retomar!