9 de agosto de 2009

Vadiagem...

Hoje, domingo, acordei e desejei Feliz dia dos Pais ao meu Pai, peguei o jornal (Diário de São Paulo, nº41.804 de 09/08/09), antes de ir para a missa, e ao abri-lo, me deparo com uma notícia intitulada : VADIAGEM ZERO, que trata sobre a “medida da Prefeitura de Assis de tirar pessoas sem ocupação das ruas” que “já levou 51 para a cadeia desde junho”.
Já havia escutado sobre essa situação em telejornais e na boca do povo, mas com a correria do dia a dia não havia ainda parado para pensar no assunto. Ao terminar de ler a notícia, veio em minha mente o historiador medieval Jacques Le Goff, que em seu pequeno texto Os Marginalizados no Ocidente Medieval, faz algumas reflexões quanto aos excluídos, marginalizados da nossa sociedade.
Le Goff afirma que ao pensarmos nos marginalizados da nossa sociedade, devemos pensar não só em seus atuais estados (mendigos, vadios, ladrões, traficantes, prostitutas, crianças abandonadas, etc..) e sim, devemos gastar nosso tempo (pequeno tempo) de reflexão em identificar e analisar o processo, que levou esses cidadãos a ocuparem o lugar que ocupam hoje. Além disso, o historiador Frances chama-nos a pensar no processo de marginalização, que pode levar os marginalizados cada vez mais para a margem, ou trazê-los para o centro da sociedade, e questiona-nos: O que é mais importante nessa análise: o processo de marginalização ou a consideração que a sociedade faz desses marginalizados?
Confrontando esses questionamentos com o que acontece em Assis, me pergunto sobre essas 51 prisões que foram realizadas. Quem seriam? Homens ou mulheres? O texto traz mais uma informação imunda: dos 51 presos, 31 são adolescentes! Que foram levados para a Fundação CASA!
O que mudará na vida dessas pessoas? Na cadeia, ou na cadeia para adolescentes (porque a fundação casa não é nada mais do que uma cadeia disfarçada) esses adultos ou adultas e adolescentes, terão condições de quando sair desse período de internação, de mudar suas condições sociais?
Me pergunto, o que estamos construído?
O processo de marginalização que levou essas pessoas a ocuparem o lugar que elas ocupam, está sendo mudado? Estão sendo pensadas políticas públicas para atender as crianças, os/as adolescentes, para que esses tenha uma formação qualificada par ao mundo de trabalho e uma formação para exercer com conhecimento sua cidadania?
Entrei no site da Câmara Municipal de Assis, e detectei que dos 10 vereadores do município, 5 são do DEM, 2 do PTB, 2 do PSDB e 1 do PT, e o cargo de prefeito é de Ézio Spera também do DEM. Assim, sabemos que ideologia os ‘’’’Democratas’’’’ acreditam.
Podemos pensar que isso não tem a ver conosco, pois não é em São Paulo, é em Assis. Porém afirmo a importância de olharmos com um olhar crítico essa situação, pois apesar de ser em Assis, a notícia está tendo uma grande repercussão na nossa cidade, e em todo o estado paulista, e temos em nossa prefeitura um governo ‘’’’Democrata’’’’, que apresenta em sua gestão atitudes similar em termo de falta de compreensão do processo de exclusão e inclusão social, como a “retirada” de dependentes químicos (de crack) da região da Cracolândia, e colocados em albergues, com o único objetivo de espalhá-los, por um pequeno tempo pela cidade.
Pensem na população em situação de rua. Seriam todos presos? E nas crianças e adolescentes que vivem abandonados nas ruas da cidade? Que muitas vezes já nasceram nas ruas e nunca (nunca!) tiveram a opção de poder conhecer valores como o carinho, amor, afeto e respeito e que sabendo o que é desigualdade, não tem perspectiva de vida o suficiente para sonhar?
O jornal traz a informação de que a sociedade aprova a ação, pois segundo a polícia “o número de roubos caiu de 33 para 17...”